A felicidade obrigatória
" As pessoas gostam de exibir a felicidade como um troféu. Demonstrar tristeza tornou-se uma espécie de derrota.[...] Entre as festas de final de ano e o Carnaval, então, deixar de ser feliz é uma espécie de derrota. Até passar o carnaval há que demonstrar uma alegria exuberante.[...] Justamente por ter se tornado obrigatória, a felicidade ficou tão efêmera quanto os últimos lançamentos de moda. É traduzida em símbolos: a roupa de grife, o carro novo, o vinho caro, o restaurante elegante.[...] Durante muito tempo, também corri atrás de alegrias momentâneas, que se esvairam como fumaça. O modelo de felicidade que está por aí não me atrai. Pode ser difícil, doloroso ou me provocar contentamento. Minha opção é viver os sentimentos mais profundos."
(Walcyr Carrasco, A felicidade obrigatória, revista Época)
